NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS

Primeiros Socorros ou Emergência Médica Pré-hospitalar é a ação que cada cidadão, dentro de suas limitações, pode realizar em benefício de outros a fim de resguardar suas vidas. Primeiros Socorros são procedimentos simples de atendimento, prestado a uma vítima de acidente ou mal súbito, com o intuito de mantê-la com vida até a chegada do atendimento médico especializado.
O atendimento a vítima pode ser realizado por qualquer pessoa, desde que treinada para realizar as técnicas preconizadas ao atendimento emergencial.
Qualquer pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar, mais conhecido como primeiros-socorros, deve antes de tudo, atentar para a sua segurança. No impulso de ajudar as vítimas, não justifica a realização de atitudes inconsequentes, que acabam transformando o socorrista em uma nova vítima.

Para que a vítima seja atendida com qualidade, questões como seriedade e respeito devem sempre acompanhar o socorrista. Evite que a vítima seja exposta desnecessariamente e mantenha em sigilo informações pessoais que ela revele durante seu atendimento.

Um fator importante no atendimento em primeiros-socorros é o tempo, e este não pode ser desprezado em hipótese alguma, pois este tempo perdido poderá ser o diferencial entre a vida ou morte do paciente.

A Legislação no Brasil no CÓDIGO PENAL BRASILEIRO, no Artigo 135 aborda o “Crime de Omissão de Socorro”.

Artigo 135: “Deixar de prestar assistência, quando possível de fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e eminente perigo; ou não pedir nesses casos, o socorro da autoridade pública”.

PENA: detenção de 1(um) ano e 6(seis) meses, ou multa.

Em primeiro lugar é necessário identificar o perigo ou situação perigosa que tenha provocado o acidente para que não se torne uma outra vítima. Após identificado só poderemos nos aproximar se o perigo for afastado e estivermos em situação de segurança.

Uma forma de entender o que possa ter ocorrido é observar ao redor da vítima algo que possa ter ligação com a causa do acidente. Outra fonte de informação é as testemunhas. Essas informações são de extrema importância para sabermos como iniciaremos os procedimentos de primeiros – socorros e informar o serviço de emergência.

SINAIS VITAIS

Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clínico de uma vítima.

Pulso:
É a ondulação exercida pela expansão das artérias seguida por uma contração do coração. Nada mais é que a pressão exercida pelo sangue contra a parede arterial em cada batimento cardíaco. O pulso pode ser percebido sempre que uma artéria é comprimida contra um osso. Os locais mais comuns para obtenção do pulso são nas artérias carótida, radial, femoral e braquial. Pode ainda ser verificado através da ausculta cardíaca com o auxílio de um estetoscópio e denominamos pulso apical. Na verificação do pulso deve-se observar a sua frequência, ritmo e volume.

Respiração:
A respiração refere-se à entrada de oxigênio na inspiração e a eliminação de dióxido de carbono através da expiração. É a sucessão rítmica de movimentos de expansão e de retração pulmonar com a finalidade de efetuar trocas gasosas entre a corrente sanguínea e o ar nos pulmões. Para avaliar a respiração devemos verificar seu caráter, se ela é superficial ou profunda, seu ritmo que pode ser regular e irregular e por último sua frequência, ou seja, a quantidade de movimentos respiratórios por minuto.

Pressão arterial:
É a força exercida pelo sangue contra a parede interna das artérias quando esse é impulsionado pela contração cardíaca. Pode variar de acordo com a idade do paciente, devido ao aumento da atividade física, situações que levam ao stress e ao medo e por alterações cardíacas. A pressão arterial é influenciada pela força dos batimentos cardíacos e pelo volume circulante. A contração cardíaca é denominada sístole e o relaxamento do coração é denominado diástole. A pressão sistólica é a pressão máxima do coração, enquanto a pressão diastólica é a pressão mínima do coração.

Temperatura:
É o nível de calor que chega a um determinado corpo, ou seja, é a diferença entre o calor perdido e o calor produzido pelo organismo. É influenciada por meios físicos e químicos e seu controle é realizado por meio da estimulação do sistema nervoso central. A temperatura corporal reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo e pode ser verificada nas regiões axilar, oral e retal. É medida por meio do termômetro clínico e possui uma graduação que varia de 34ºC a 42ºC, sendo que raramente o ser humano sobrevive com sua temperatura acima ou abaixo destes parâmetros.

CORTES SUPERFICIAIS

A primeira coisa a ser feita é ter certeza de que a ferida não é grave. Em seguida deve-se lavar as mãos com água e sabão;
Lave a ferida com muito cuidado com água e sabão. Certifique-se de que o local ficou bem limpo e livre de partículas que poderiam causar infecção;
Aplique um anti-séptico e seque o local em volta da ferida;
De acordo com a lesão, coloque uma gaze ou pano limpo para cobrir o ferimento. Não use algodão, pois as fibras do material podem colar na ferida provocando novamente sangramento ao retirar o curativo;
Mantenha o corte limpo e seco para facilitar a cicatrização.

É preciso manter a calma e controlar a hemorragia imediatamente; Pressione uma gaze ou pano limpo sobre o corte. Se ele não for tão profundo, o sangramento deve parar em alguns minutos. Em seguida lave a ferida com água e sabão.
Caso a água não seja suficiente para remover a sujidade do corte, use uma gaze para retirar as partículas que ficaram coladas dentro do machucado.
Se houver um pedaço de cristal ou outro objeto cravado no corte não tente retirá-lo, pode provocar uma hemorragia maior; Em casos de sangramento intenso, uma boa dica é elevar o membro para reduzir o fluxo de sangue;
Com a compressa de gaze contendo o sangramento, o médico deverá ser consultado imediatamente para avaliar o corte e realizar uma sutura;
Após a sutura, os curativos devem ser realizados para que a cicatrização seja eficaz.

FRATURA OU CONTUSÃO

– Mantenha a pessoa lesionada calma e aquecida;
– Exponha a área da lesão (se preciso, corte a roupa do ferido);
– Imobilize a vítima com faixas ou camisetas, tendo cuidado para não movimentar a área da lesão;
– Não aperte a área;
– Em caso de fratura exposta, cubra a área da lesão com um pano limpo ou gaze, antes de imobilizar;
– Não tente recolocar o osso no lugar (esse é um trabalho para médicos);

Os primeiros socorros em caso de uma contusão são mais simples:
– Mantenha a área imobilizada;
– Se for a perna, evite pisar no chão;
– Aplique gelo na área lesionada nos primeiros 3 dias;
– A partir do quarto dia pode-se aplicar bolsas de água quente.

AMPUTAÇÃO

Comprima o local com força, com um pano limpo para conter o sangue;
– Não se esqueça de recolher a parte amputada. Se a distância até o hospital não for longa, enrole-a com um pano limpo e coloque-a dentro de uma sacola plástica limpa. Se o socorro for demorar, enrole a parte amputada em um pano limpo, coloque-a em um pacote plástico bem fechado e, sem seguida, ponha o pacote dentro de outra sacola com gelo;
– Não coloque a parte amputada diretamente no gelo, é necessário apenas refrigerá-la;
– As amputações podem ocasionar hemorragia e infecção, levar ao estado de choque e à morte. Procure o socorro rápido para evitar a falta de vascularização no local, o que pode ocasionar gangrena;
– O sucesso do reimplante vai depender principalmente do tipo de corte e do tempo decorrido do acidente até o recebimento do socorro apropriado.

DESMAIOS E CONVULSÕES

Deitar a pessoa no chão, de barriga para cima, e colocar as pernas mais altas que o corpo e a cabeça cerca de 30 a 40 centímetros do chão;
Por a cabeça da vítima de lado, para facilitar a respiração e evitar asfixia devido ao risco de vômito;
Afrouxar as roupas e abrir os botões para facilitar a respiração;
Ir comunicando com a pessoa, mesmo que ela não responda, referindo que está ali para ajudá-la;
Não dar água nem comida pois pode provocar asfixia;
Não oferecer cloro, álcool ou qualquer produto com cheiro forte para respirar;
Não sacudir a vítima, pois pode ter ocorrido alguma fratura e piorar a situação

Em casos de convulsão proteger a cabeça da vitima e jamais colocar algo em sua boca.

INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO

Intoxicação por Alimentos

Normalmente, a pessoa intoxicada apresenta suor excessivo, dores abdominais
agudas, vômito e náuseas, desmaios e possíveis delírios

– Chamar previamente o socorro especializado;

– Verificar os sinais vitais;

– Manter a vítima aquecida e de maneira confortável;

– Procurar saber o máximo de informações possíveis sobre a origem da intoxicação alimentar, como por exemplo, que tipo de alimento a pessoa ingeriu;

– Deve ser um tratamento realizado por profissionais, sendo indispensável a locomoção a uma unidade de saúde.

Intoxicação / Envenenamento por produtos Tóxicos ou Remédios

Em geral, são causados por ingestão compulsória de remédios, ingestão acidental ou proposital de substâncias nocivas ao organismo. A automedicação pode ser provocada tanto por medicamentos originais, quanto por medicamentos genéricos.

Alguns dos sintomas podem apresentar queimaduras em volta da boca, vômitos, respiração dificultosa e limitada, unhas e lábios arroxeados, etc.
Por ser uma situação em que o tempo é totalmente determinante, deve-se realizar o transporte imediato da vítima ao hospital mais próximo. Jamais induza o vômito, pois, em alguns casos, pode espalhar a substância tóxica pelas paredes do sistema digestório, agravando o quadro;
Se possível, levar a embalagem do remédio ou produto com o qual a vítima teve a intoxicação

QUEIMADURAS

Queimadura de primeiro grau:é aquela que atinge a camada superficial da pele, causando uma vermelhidão e uma ardência no local. Normalmente, são causadas por exposição prolongada ao sol, ou contato rápido com alguma chama, ou objeto aquecido.

Queimadura de segundo grau:caracteriza-se por afetar uma região secundária da pele, entre a derme (superfície exterior da pele) e a epiderme (camada interior da pele), e nota-se o aparecimento de uma ou mais bolhas na área afetada. As bolhas são o resultado de uma espécie de deslocamento da camada entre a derme e a epiderme causada pela mudança drástica de temperatura na região.

Em queimaduras de 1º grau
Deve-se procurar resfriar bem a localidade da queimadura com soro fisiológico ou água fria em abundância, até que a dor amenize;
Administrar o uso de pomadas contra queimadura, se for o caso.

Em queimaduras de 2º grau
Resfrie a área afetada com soro fisiológico ou água fria corrente em abundância;
Deve-se lavar a área cuidadosamente, sem esfregar, com sabão neutro, ou um antiséptico, que não seja álcool;
Não se deve “estourar” as bolhas que se formam, e nem retirar a pele das que já estiverem rebentadas, deve-se colocar uma gaze úmida após ter resfriado o local e a dor haver diminuído;
O curativo sobre a lesão deve permanecer durante 48 horas e, somente depois desse tempo, recomenda-se expor a pele ao ar livre, para evitar infecções

Queimadura de terceiro grau:As queimaduras de terceiro grau caracterizam-se por atingir uma área profunda da pele, podendo incluir até o tecido ósseo, e costuma apresentar uma necrose no local afetado. É o tipo de queimadura mais profundo e mais grave.

Em queimaduras de 3º grau
Resfriar a região com soro fisiológico ou água fria corrente até que a dor amenize;
Lavar cuidadosamente sem esfregar, com sabão neutro ou antiséptico que não seja álcool;
Se a área afetada for extensa, deve-se envolver a vítima num lençol limpo e molhado com soro fisiológico, ou com água fria;
Nesses casos, por se tratar de queimaduras mais graves, a vítima deve ter um atendimento médico o quanto antes leva-a a um hospital próximo

CHOQUE ELÉTRICO

1.Corte ou desligue a fonte de energia, mas não toque na vítima;
2.Afaste a pessoa da fonte elétrica que estava provocando o choque, usando materiais não condutores e secos como a madeira, o plástico, panos grossos ou borracha;
3.Observe se a pessoa está consciente e respirando;
Se estiver consciente: acalme a vítima até a chegada da equipe médica;
Se estiver inconsciente, mas respirando: deite-de lado, colocando-a em posição lateral de segurança. Se estiver inconsciente e não respirando: inicie a massagem cardíaca e a respiração boca-a-boca.

PARADA RESPIRATÓRIA E REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR

No caso de uma parada cardíaca ou cardiorrespiratória, por serem de extrema gravidade, não é possível esperar a chegada de um médico para se iniciar o procedimento de primeiros socorros.
Deve ser aplicada a técnica de reanimação, que alia a massagem cardíaca e a respiração artificial, até que se note a recuperação da pessoa, ou até que chegue um atendimento médico especializado.

1- Colocar a pessoa de barriga para cima em uma superfície firme e posicionar-se ao lado dela na altura da caixa torácica de joelhos. É importante afrouxar as roupas da vítima;

2- Você identificará o osso esterno da vítima. localizado entre as primeiras costelas, na parte superior da caixa torácica, e medirá de três a cinco dedos abaixo do esterno, dependo do tamanho da pessoa;

3- Posicione a parte inferior da palma da sua mão predominante (aquela com que tem mais força e habilidade) na posição marcada abaixo do esterno (item 2) e coloque a outra mão sobre a mão predominante;